Johannes Gutenberg

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montana rusa


A EXPERIÊNCIA COGNITIVA HUMANA:

 UMA MONTANHA RUSSA DO VETOR PARA O RASTER


Victor M. Ponce


Vetor e raster são duas abordagens fundamentalmente opostas. O vetor é leve; o raster é pesado. O vetor é simples; o raster é complexo. O vetor é específico; o raster é generalista. O vetor foca no ponto/línea/polígono; o raster cobre todo o ambiente.

A experiência cognitiva humana, desde a antiguidade até o presente, tem sido uma sucessão de idas e vindas entre a visão vetorial e a visão raster. Na Idade Média, isto é, antes do uso generalizado dos livros, os seres humanos tinham uma mentalidade raster; a aprendizagem era alcançada principalmente por meio da visualização de objetos. Tudo isso mudou no século XV com o surgimento de livros impressos, o que produziu uma mudança significativa na experiência cognitiva humana [Johannes Gutenberg inventou a impressora por volta de 1440]. Depois de ler um livro, os seres humanos já podiam imaginar coisas (o texto nada mais é do que um vetor de informação) e, portanto, poderiam aprender utilizando sua capacidade de raciocínio.

A partir de 1950, tudo isso mudou com o uso generalizado da televisão [Philo Farnsworth inventou a televisão em 1927]. A televisão trouxe filmes para o lar, popularizando mais uma vez a experiência rasterizada. Agora se podia ver as coisas e não precisava imaginá-las. Alguns argumentaram que isso era um passo para trás; no entanto, a enorme popularidade da televisão contribuiu para diluir esse argumento.

No início dos anos 90, a rede mundial fez maravilhas para devolver à humanidade a experiência vetorial [Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web em 1989]. Em um período relativamente curto, a autoestrada da informação foi disponibilizada para quase todos os habitantes do planeta. Os dados originais da web eram principalmente em formato vetorial (texto); assim, a humanidade retornou mais uma vez aos vetores. Houve então aqueles que argumentaram que isso era um passo adiante; alguns apressaram-se a prever o eventual desaparecimento da televisão. E, durante alguns anos, a televisão efetivamente perdeu alguma audência para a rede mundial.

No entanto, o instinto natural dos seres humanos não permitiria ser derrotado. Desde 2006, a crescente popularidade do YouTube tornou possível que os humanos retornassem à experiência raster que haviam perdido, de maneira breve mas significativa, nos últimos 10 anos [Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim fundaram o YouTube em 2005]. O YouTube agora conta com mais de 30 milhões de visitantes por dia.1

Reconhecemos que nos últimos dez anos foi imposta a Wikipedia, uma enciclopédia on-line escrita em colaboração por um grande número de voluntários anônimos [Jimmy Wales inventou a Wikipedia no ano de 2001]. A popularidade da Wikipedia continua crescendo; o site agora conta com dezoito (18) bilhões de visitantes por mês. A Wikipedia é uma história de sucesso altruísta, pois tornou o conhecimento gratuito acessível a qualquer pessoa com uma conexão à Internet (aproximadamente 4 bilhões de pessoas). Pode-se argumentar que a Wikipedia está fazendo maravilhas para devolver a experiência cognitiva humana ao domínio vetorial.


1 As estatísticas indicam que 400 horas de vídeo são enviadas para o YouTube a cada minuto. Isso significa que levaria aproximadamente um mês para visualizar todo o conteúdo enviado para o YouTube durante os dois minutos necessários para ler este artigo e, ao estender esse mesmo cálculo, levaria praticamente uma vida (65 anos) somente para visualizar todo o conteúdo enviado em apenas um dia.

Philo Farnsworth

Philo Farnsworth
Tim Berners-Lee

Tim Berners-Lee
Chad Hurley

Chad Hurley
Steve Chen

Steve Chen

Jawed Karim
Jimmy Wales

Jimmy Wales
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